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BOTA FORA FAMÍLIA MAIS VOCÊ

27 Apr

Faltavam 3 semanas para mudarmos para Londres, nossa lista de pendências era infindável  e há dias eu não dormia: carros para vender, esvaziar o apartamento, 2 mudanças para fazer: das coisas que ficariam em SP e da mudança para Londres; um jornal para entregar, finalizar o trabalho com todos os clientes, acerto de contas das funcionárias e cancelamento das contas de casa e do escritório, documentos de saída do Brasil, visita à todos os médicos possíveis (meus e da Valentina)… Estávamos quase à beira de um colapso, era exatamente essa a sensação, que enfartaríamos antes de chegar em Londres.

Desespero de causa

 

Era uma segunda-feira, piscou na minha caixa de mensagem um e-mail da Vivi de Marco, minha eterna mestre e diretora durante anos no Programa Mais Você, me consultando se poderia organizar uma festa de despedida para nós na casa dela em São Paulo. Mesmo no meio do turbilhão, sem tempo nem para respirar, como poderíamos negar um convite tão especial como esse? Vivi é daquelas pessoas que não tem tempo nem para respirar, vive na ponte aérea Rio-São Paulo, dirige o Mais Você com maestria, é escritora, roteirista, mãe de duas jovens lindas,  e ainda arranja um tempinho para os amigos, ufa, sei lá como ela consegue. Ficamos, eu e Dani,  muito mais do que lisonjeados com o carinho.

 

Dani e Nina chegando

Dani e Nina chegando no nosso “Bota Fora”

Eu, Valentina e Vivi querida!

Eu, Valentina e Vivi querida!

Reinaldo, eu e Cassinha. Nossa como eu amo esses dois!

Reinaldo, eu e Cassinha. Nossa como eu amo esses dois!

Vivi pensou em tudo, marcou a data, fez a lista de convidados, mandou e-mail para a turma, organizou o encontro, contratou o Pedro e sua equipe (maravilha das pizzas e dos deuses em São Paulo, é ele quem faz as pizzas de quarta-feira na casa do Faustão) SENSACIONAL, TUDO MARAVILHOSO, DELICIOSO E SUPER RECOMENDADO. Para nós só ficou a “função” de aparecer no nosso “bota-fora” (rs).  Juntamos uma parte da “velha” e da “jovem guarda” do programa, é claro que não pudemos reunir todo mundo, seria muita gente, mas a maior parte dos mais próximos estava lá para nossa despedida.

Família Mais Você reunida, faltou gente na foto.

Família Mais Você reunida, faltou gente na foto

Foram muitos anos de convívio e trabalho juntos, quase 10 anos direto e mais 3 como colaboradora/freela do programa. Deixei o Mais Você só em julho de 2011, eu precisava ficar até pelo menos o fim do ano, mas sonhávamos ter um bebê, minha terapeuta Pré-Natal (comecei uma terapia pré-natal bem antes de engravidar, mas isso é assunto para outro post) me colocou na parede e me sugeriu escolher: continuar trabalhando de forma insana em 2 empregos 14 horas por dia, ou diminuir o ritmo e tentar realizar o sonho de ser mãe. Foi uma das decisões mais difíceis da minha vida, eu jamais recusei trabalho, nasci para isso, mas precisava seguir minha alma e aquele era um bom momento para sermos pais. Dois meses depois engravidei da Valentina.

Meninas fantásticas conferindo o álbum de 1 ano da Nina feito pela Carlinha.

Meninas fantásticas conferindo o álbum de 1 ano da Nina feito pela Carlinha

Vivi, Cassinha, eu e Dani

Vivi, Cassinha, eu e Dani

Foi uma noite EMOCIONANTE, em todos os sentidos, encontrar nossos amigos para um “bye bye” como aquele é de pulsar a 400 por minuto qualquer coração. Vivi é muito mais do que uma ex-diretora para mim, é uma mestre, ela e outras pessoas muitos especiais,  não só me deram oportunidades de trabalho e lições de jornalismo,  em um mundo onde impera o individualismo, Vivi me ensinou o verdadeiro sentido das palavras generosidade e grandeza. Nunca me deixou desanimar, dizia que eu tinha os “dedos ligados no 110 e no 220” ao mesmo tempo,  e que isso me levaria onde eu quisesse chegar…Me defendeu em muitas situações, cuidou de mim em um ambiente que muitas vezes foi hostil, fez mais do que papel de chefe, fez papel de mãe, e é assim que eu sempre a “senti”, mãezona daquela turma toda.

Só gente Maravilhosa!

Só gente Maravilhosa!

 A família Mais Você me ajudou a crescer, entrei lá aos 18 anos. De lá saíram relações sólidas e sinceras, gente que frequenta minha casa, gente que frequenta minha vida, gente que frequenta minha alma. Foi graças à esse trabalho que realizei muitos dos meus sonhos. Qualquer agradecimento que eu faça para essas pessoas por todos esses anos de convívio, pelo carinho e pela amizade, sempre será pouco.

Amigas para a vida!

Amigas para a vida!

Carlinha, Fefa e Lili no maior bate-papo.

Carlinha, Fefa e Lili no maior bate-papo.

Naquela noite eu queria falar algumas palavras de agradecimento a todos os queridos ali presentes, mas foi a primeira “balada” da Nina, levamos a pequena porque Vivi insistiu, era uma despedida para nossa família: eu, Dani e Valentina, mas depois das 10h00 da noite a pequena emburrrou, chorou, não conseguia dormir, nos deu muito trabalho, a noite passou voando, na hora que eu ia agradecer a maioria já tinho ido embora e as palavras ficaram só no coração. Adentramos a madrugada comendo pizza, tomando vinho, batendo papo e sorrindo. QUE ENCONTRO BOM, QUE DESPEDIDA INCRÍVEL!!!

Clarinha se divertindo e Nina morrendo de sono.

Clarinha se divertindo e Nina morrendo de sono

Ainda em tempo, embora muitos meses depois,  eu agradeço todos que estiveram presentes, e os que não puderam estar também. OBRIGADA FAMÍLIA MAIS VOCÊ, obrigada aos mais de 200 integrantes que faziam parte da nossa família “original”, lá nos primeiros anos. Vocês fazem parte da minha vida e da minha história. Obrigada Vivi por abrir sua casa e  reunir nossos amigos para nossa despedida, que a vida nos reserve mais e mais encontros, risadas, alegria, bom papo, vinho, pizzaiada das melhores e felicidade sem fim,  como naquela noite! FOI DEMAIS PARA ESSE CORAÇÃOZINHO AQUI, FOI DEMAIS!

Risos, sorrisos, reencontros e despedidas

Risos, sorrisos, reencontros e despedidas

Nosso outro BOTA FORA foi na casa da minha mãe para nossa família mais próxima, precisava dar um beijo nos meus primos e não conseguia marcar com ninguém, ficamos sem ver algumas pessoas muito especiais, mas quem é amigo de verdade compreende as dificuldades, e aos poucos vamos nos falando como dá, sempre com uma saudade enorme, lembranças maravilhosas de dias felizes e esperança de que o reencontro seja em breve.

OBRIGADA AMADAS FAMÍLIAS: A DE SANGUE, A DE ALMA E A FAMÍLIA MAIS VOCÊ!

Obrigada Vivi, receba todo meu carinho, minha admiração e meu respeito pela grande MULHER que você é!

Um beijo muito mais que especial da família Girocoffee!

Tim tim para você e para nossa Família Mais Você, com vinho, champagne ou café!

SAÚDE PARA TODOS!!!

Silvinha, Dani e Valentina

 

 

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PAULO GOULART e o CAFÉ

14 Mar

Quando eu era pequena vira e mexe ouvia minha mãe dizer que Nicette Bruno e Paulo Goulart estiveram na padaria naquele dia, eles tinham um teatro no centro de São Paulo e quando estavam por ali davam uma passadinha na padoca da minha mãe para tomarem um café. Numa dessas vezes eu estava por lá, eu era pequena, isso faz pelo menos 20 anos, mas me lembro de um certo “alvoroço” e algumas pessoas pedindo autógrafos para o casal estrelado, eles eram sempre gentis, educados, e não poupavam  largos sorrisos nos lábios para receber os fãs.

O café de Nicette e Paulo ficou na minha memória de infância e há alguns anos, quando trabalhava na TV Globo, no Programa Mais Você,  tive oportunidade de entrevistá-los em São Paulo. Entre os inúmeros talentos do casal estava a arte da culinária, Paulo contava que aprendeu a cozinhar com a mãe, e a paixão do casal pela cozinha era tão grande que acabaram escrevendo juntos o livro Grandes Pratos e Pequenas Histórias de Amor.

Nunca me esqueci dessa reportagem, nossa equipe chegou no início da tarde no apartamento do casal, no bairro de Higienópolis. Nicette faria um “passo a passo” de uma receita de manjar. Nossa matéria era sobre o doce,  mas  a ideia principal era tentar mostrar um pouco o dia a dia dos 2 e revelar os cantinhos especiais da casa deles.  A porta foi aberta por Paulo Goulart, meu coração disparou, já havia entrevistado diversos outros “gigantes” da televisão brasileira mas para mim ele era o maior, estava marcado no coração como memória de infância.

Paulo nos apresentou seu lar enquanto Nicette estava às voltas com a receita, deixando tudo pronto para nossa gravação. O canto preferido do ator era a biblioteca, me identifiquei imediatamente e fizemos a entrevista com ele lá. Paulo nos contou sobre seu papel na novela, projetos para o teatro,  o segredo de manter um casamento feliz por tantos anos, e nos falou sobre as delícias de cozinhar. Na conversa informal contou sobre os filhos e o trabalho de cada um no teatro e na tv, sobre os netos, e principalmente sobre AMAR São Paulo e  preferir seu refúgio paulistano, embora eles passassem boa parte do ano no Rio de Janeiro por conta das gravações.

paulo GoulartCrédito: Imagem Carlos Geilson

Mostramos a receita, entrevistamos Nicette e antes de irmos embora mais uma agradável surpresa, um dos filhos do casal, o também ator Paulo Goulart Filho, chegou para o café da tarde. Os atores não permitiram que nossa equipe fosse embora  sem tomarmos um cafézinho, comemos o doce feito por Nicette e degustamos um delicioso café preparado com todo o carinho para nós. Minha despedida do ator foi com um abraço muito apertado, como se realmente nos conhecêssemos há anos. Saí daquela casa com o coração abastecido de histórias de amor.

Ontem chorei quando li a notícia da morte de Paulo Goulart, chorei com o coração partido, como inúmeros corações brasileiros choram hoje. GRANDE HUMANO, GRANDE PAI DE FAMÍLIA, GRANDE ATOR. Paulo não era só GRANDE, ele era GIGANTE em sua essência e generosidade, é assim que todos o descrevem. Sua família estava presente na hora de sua partida, filhos, netos; e sua esposa Nicette segurava suas mãos. Partiu da mesma forma que construiu sua vida: cercado de AMOR.

No dia de hoje certamente o CÉU deve estar em festa pela chegada de Paulo Goulart, e agora é entre as estrelas que ele brilha,  será nos palcos “lá de cima” que será grandioso, tão grande quanto foi nessa terra, grande o suficiente para fazer diferença no mundo, na arte brasileira, no coração de milhões de fãs, e principalmente na vida de sua família, amigos e aqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele. VÁ EM PAZ grande PAULO, aqui faço minha pequena homenagem, com lembranças de um delicioso café, numa tarde cinzenta da nossa amada Sampa, e com  um abraço apertado de despedida. Que todos os anjos do céu te recebam de braços abertos. AMÉM!

Paulo GoulartCrédito: Imagem Jovem Pan

SILVIA

MEU GOSTO PELA COZINHA, HERANÇA PORTUGUESA COM CERTEZA

17 Jan

Eu adoro cozinhar, sempre tive uma “quedinha” para a cozinha, talvez inspirada nas panelas da minha avó materna, que apesar de fazer comidas mais triviais no dia a dia, sempre foi uma cozinheira de mão cheia e tem lá seus segredinhos e receitas de família como a chanfana (prato típico português feito com carne de carneiro, mas minha avó morando no Brasil adaptou para a carne de vaca, que é assada em litros e mais litros de vinho tinto) e as famosas “filhoses da vó”, bolinhos de abóbora, receita também portuguesa, que só minha vóvis consegue acertar o ponto.

bandeira-brasil-portugal

Família portuguesa com certeza, sabe como é, gostamos de comer bem, e quem quer apreciar  tem que saber fazer, é assim que aprendi na minha casa. Muita gente me pergunta se comecei a gostar de culinária nos anos que trabalhei no Mais Você, sempre tento explicar que eu fazia parte do jornalismo do programa, ou seja, não estava ligada diretamente à culinária, e eu nem era frequentadora assídua da cozinha (no fim das gravações muitos colegas iam degustar as delícias), Maria  Helena que é minha super amiga e dirigia a gastronomia do Mais Você pode confirmar que eu não aparecia muito pelas dependências “culinarísticas” do programa, embora muitas vezes não me faltasse vontade, rs. Eu sempre esperava as reuniões de pauta onde rolavam delícias, e  atacava os bolos de aniversário que vez ou outra surgiam na redação.

Festa Mais Você 062Esse bolinho MARAVILHOSO com macarrons foi da Vivi e da Bibi que “aniversariam” em dezembro. 

Festa Mais Você 096   Como eu não aguento e sou tiete do meu povo, vejam uma fotinho desse dia. Aí tem gente que eu amo muito!!! ETA FAMÍLIA MAIS VOCÊ PORRETA, igual a essa tá pra nascer, hehehe!

Bom, voltando à cozinha,  acho que o negócio veio do berço mesmo, aos 11, 12 anos eu já fazia uma torta de limão que todo mundo adorava, depois de um tempo o povo até enjoou, era torta todo fim de semana. Durante toda minha adolescência frequentei o trabalho da minha mãe, que teve uma padaria durante 10 anos no centro de São Paulo em frente à Santa Casa de Misericórdia. No período do almoço eles serviam refeições, aquele famoso “prato feito”, imaginem a quantidade de comida que era servida nesse horário. Se quisessem me encontrar na época das férias escolares era só dar um pulinho na cozinha da padoca (como eu sempre chamei carinhosamente a padaria da mamis), porque  eu certamente estava por lá, com toquinha na cabeça, ajudando as cozinheiras a cortar batatas, cenouras, fazer a salada de maionese, ah, e eu adorava montar as pizzas que eram servidas na copa… meu negócio era o backstage, era a cozinha mesmo.

Uma das minhas maiores especialidades era TIRAR CAFÉ ESPRESSO. Isso mesmo, me lembro direitinho do dia que o Ribamar, um dos gerentes da padoca, me ensinou a fazer o café na máquina, era como se eu tivesse descoberto a América, uma felicidade sem fim, e quem disse que eu queria sair da copa? Nem a cozinha tinha mais graça.  Mas os clientes queriam o café rápido, eu não tinha habilidade, então quando aparecia algum  mais antigo, mais paciente, eles deixavam eu me aventurar. Pois é, eu já era barista de coração, e nessa época nem existia essa profissão no nosso país. Mas no final das contas a cozinha era só diversão, nunca pensei em levá-la a sério, em trabalhar com isso, a comunicação sempre foi minha marca mais forte, estava nas veias, desde os 13 anos  já sabia que seria jornalista.

maquina+de+caf+eacute+expresso+italian+coffee+recife+pe+brasil__7C8C49_1                                 A máquina da padoca era igualzinha a essa. Deu até saudades!!!

Depois da adolescência veio a faculdade, pós, MBA, comecei a trabalhar com 17 anos, com 18 já estava na Globo; trabalho, estudos,  família, namorado, amigas, cinema, diversão… faltava tempo para me aventurar entre as panelas. Depois de casar também não fiz nenhum retorno triunfal (rs), o trabalho  sempre avassalador,  não me permitia ter tempo para mais nada. Ainda assim de vez em quando rolava em casa uma nova receita de bacalhau, o velho suflê de camarão que toda a família gosta, entre outras gostosuras… depois que a Valentina nasceu aí o pouco tempo que sobrava se esvaieceu de vez, mal conseguia dormir,  lavar o cabelo, como é que eu poderia cozinhar???

Nesse período minhas poucas aparições pela cozinha eram para fazer a comidinha para a Valentina quando ela começou a comer, ou ainda orientar quem cuidava da nossa casa e das nossas refeições, e olhe lá. De repente nossa vida virou de pernas para o ar,  mudamos para Londres,  e com  as inúmeras mudanças veio também a novidade/oportunidade de cozinhar para minha família. E no meio de tanta coisa nova para apreender e nos aventurar,  tem dias que a nossa cozinha londrina está  uma alegria, mas tem dias que ela está um caos… e não tem sido fácil adaptar as receitas, achar os ingredientes no supermercado, apreender sobre as carnes, peixes diferentes,  achar outras soluções para o que não encontramos aqui. O bom é que em Londres sempre tem comidas prontas que são ótimas, então vira e mexe somos salvos nos 45 minutos do segundo tempo, mas ainda assim tem as comidas da Nina, e essas eu faço questão de serem fresquinhas e feitas em casa, e aí é que entra a complicação…

Mas tudo isso eu vou contar em um segundo post, onde vou escrever sobre as adaptações, a carne inglesa com quem travei uma batalha e não consigo vencer, rs, os ingredientes diferentes, as receitinhas da minha cabeça, o que tem dado certo, o que tem dado errado e dicas do que fazer quando estiver morando e cozinhando por aqui…

Até lá pessoal,

Bjos e ótimo fim de semana!

Silvia

chanfana

Ah, encontrei a imagem dessa chanfana na internet, essa é a que mais parece com a que a minha avó faz, ela também usa uma panela de barro e deixa bastante molho de vinho, diz a lenda que meu avô amava tanto esse prato que misturava esse molho com vinho e tomava, no copo mesmo… eu não gosto nada da idéia, mas minha avó jura de pé junto que é verdade. Coisas, receitas e histórias de família cheias de lembranças e amor.