Depois de confirmado o suicídio do ator Robin Williams fico aqui me perguntando: quem é esse SER INCOMPREENDIDO QUE HABITA O INTERIOR DE CADA UM DE NÓS? Por que muitos não suportam as adversidades da vida e preferem encurtá-la numa data que não estava programada? Que depressão é essa, cada vez mais presente na nossa sociedade, que vai arrastando as pessoas pelos cabelos? Acho que temos a errônea impressão que aqueles que alcançam sucesso, dinheiro e fama são seres acima do bem e do mal, felizes e intocáveis, mas como muitas vezes a história nos prova, nem sempre é assim.
Somos todos seres humanos que sofrem nesse planeta, de um jeito ou de outro, por ter ou por não ter, por ser ou por não ser, por envelhecermos, pela simples angústia de saber que um dia tudo acaba e pela incerteza do que vem depois. Cada vez acredito mais que só conseguimos encontrar nossa LUZ quando atravessamos nossas SOMBRAS, e o processo das SOMBRAS é dilacerante demais, mas é preciso atravessar as trevas internas para chegar próximo daquilo que conhecemos como PAZ. Robin Williams não conseguiu, a doença não permitiu, a depressão o levou, que pena!
Tenho uma amiga daquelas pessoas super “gente BOA”, simpática com todo mundo, tranquila, bem do tipo: “DEIXA DISSO, A VIDA É UMA SÓ, RELEVE”. Ela é da turma que vira melhor amiga da atual mulher do ex, a ponto de cuidar do filho do casal para eles curtirem a noite sozinhos, ela recebe em casa a colega de trabalho que tentou passar a perna nela, aí pergunto: “Como você consegue?” A resposta parece simples: “Perdoei.” É o tipo de pessoa que eu sempre pensei: não existe igual, ela está sempre feliz, evoluída demais, quero ser assim quando eu crescer (rs).
Recentemente a encontrei e percebi que estava meio pra baixo, acho que em muitos anos de convivência foi a primeira vez que a vi assim: “Cadê aquela alegria toda, aqueles SORRISOS RASGADOS no rosto?” Ela me respondeu que estava passando por um período difícil porque havia parado de tomar os antidepressivos. JURO que quando ouvi isso meu mundo ruiu, não porque eu tenha nada contra antidepressivos, muito pelo contrário, ela estava se tratando, mas porque na minha santa ingenuidade eu achava que aquele estado de felicidade permanente era algo inerente a ela, e de certa forma eu me espelhava nisso quando os problemas “batiam na bunda” e a tristeza chegava, eu me lembrava da sua forma “light de viver a vida” e me esforçava para sorrir.
Mas a tristeza, ah tristeza, tristeza… ela também faz parte de nós, assim como a alegria, a dor, o amor e tantos outros sentimentos que nos assolam diariamente. Por que temos que sorrir o tempo todo se estamos chateados, por que temos que parecer felizes se na verdade queremos chorar e ficar quietinhos num canto? A resposta é simples: porque não conseguimos lidar com as decepções da vida, estamos na era “facebookiana” onde vemos as pessoas alegres e sorridentes o tempo todo, focamos no sucesso, na alegria, nas conquistas e felicidade alheias, que a gente acredita ser a única realidade daquelas pessoas que nos inspiram.
O que não nos damos conta é que para ser feliz precisamos colecionar um conjunto de pequenos momentos, e transformar tudo isso em algo grande dentro de nós, dessa forma é mais fácil conseguirmos passar pelas tormentas e tempestades que inevitavelmente o mar da vida vai nos trazer. Não existiria felicidade se não soubéssemos o que é a tristeza, precisamos “vivê-la” também, não tão profundamente a ponto de entrarmos em depressão e cometermos loucuras, mas a verdade é que O DIA QUE A GENTE APRENDE A FICAR TRISTE A GENTE APRENDE O VALOR DE SER FELIZ!
Robin Willians se foi, apesar dos inúmeros momentos de glórias e alegrias que ele dever ter tido ao longo dos seus 63 anos, ele não suportou as tormentas, não conseguiu lidar com suas sombras e dificuldades, muitas que provavelmente ele deve ter imposto a si mesmo, afinal, por várias vezes nosso maior inimigo está dentro de nós, que não nos permitimos enxergar além das ondas gigantes. Às vezes a tristeza vira depressão, e essa sim é perigosa, é isso que precisamos combater, curar, procurar ajuda se necessário.
Para mim ficam só as lembranças de um ator e comediante SENSACIONAL, que trouxe para minha infância e adolescência momentos de extrema alegria. Afinal quem não se apaixonou pelo cinema depois de assistir a “Sociedade dos Poetas Mortos”, de chorar de emoção com “Patch Adams, O amor é contagioso”, de se inspirar com “Gênio Indomável”, e morrer de tanto rir com “Uma Babá Quase Perfeita”???
VÁ EM PAZ ROBIN WILLIAMS, que você encontre a luz, e que receba alegria proporcional aos sorrisos que espalhou ao redor desse mundo, através da sua arte e da sua alegria. Uma pena te perder para a depressão, uma grande perda para todos.
E PARA NÓS QUE AQUI FICAMOS, na dura mas também emocionante tarefa que é VIVER, só desejo FORÇA, porque o que precisamos é caminhar apesar dos pesares, seguir em frente sempre. Que possamos sentir, com tudo o que temos direito a felicidade e também a tristeza, nas doses e medidas certas, porque tudo faz parte de nós e da roda gigante que é a vida.
Um beijo a todos!
Silvia Lourenço
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