MEU GOSTO PELA COZINHA, HERANÇA PORTUGUESA COM CERTEZA

17 Jan

Eu adoro cozinhar, sempre tive uma “quedinha” para a cozinha, talvez inspirada nas panelas da minha avó materna, que apesar de fazer comidas mais triviais no dia a dia, sempre foi uma cozinheira de mão cheia e tem lá seus segredinhos e receitas de família como a chanfana (prato típico português feito com carne de carneiro, mas minha avó morando no Brasil adaptou para a carne de vaca, que é assada em litros e mais litros de vinho tinto) e as famosas “filhoses da vó”, bolinhos de abóbora, receita também portuguesa, que só minha vóvis consegue acertar o ponto.

bandeira-brasil-portugal

Família portuguesa com certeza, sabe como é, gostamos de comer bem, e quem quer apreciar  tem que saber fazer, é assim que aprendi na minha casa. Muita gente me pergunta se comecei a gostar de culinária nos anos que trabalhei no Mais Você, sempre tento explicar que eu fazia parte do jornalismo do programa, ou seja, não estava ligada diretamente à culinária, e eu nem era frequentadora assídua da cozinha (no fim das gravações muitos colegas iam degustar as delícias), Maria  Helena que é minha super amiga e dirigia a gastronomia do Mais Você pode confirmar que eu não aparecia muito pelas dependências “culinarísticas” do programa, embora muitas vezes não me faltasse vontade, rs. Eu sempre esperava as reuniões de pauta onde rolavam delícias, e  atacava os bolos de aniversário que vez ou outra surgiam na redação.

Festa Mais Você 062Esse bolinho MARAVILHOSO com macarrons foi da Vivi e da Bibi que “aniversariam” em dezembro. 

Festa Mais Você 096   Como eu não aguento e sou tiete do meu povo, vejam uma fotinho desse dia. Aí tem gente que eu amo muito!!! ETA FAMÍLIA MAIS VOCÊ PORRETA, igual a essa tá pra nascer, hehehe!

Bom, voltando à cozinha,  acho que o negócio veio do berço mesmo, aos 11, 12 anos eu já fazia uma torta de limão que todo mundo adorava, depois de um tempo o povo até enjoou, era torta todo fim de semana. Durante toda minha adolescência frequentei o trabalho da minha mãe, que teve uma padaria durante 10 anos no centro de São Paulo em frente à Santa Casa de Misericórdia. No período do almoço eles serviam refeições, aquele famoso “prato feito”, imaginem a quantidade de comida que era servida nesse horário. Se quisessem me encontrar na época das férias escolares era só dar um pulinho na cozinha da padoca (como eu sempre chamei carinhosamente a padaria da mamis), porque  eu certamente estava por lá, com toquinha na cabeça, ajudando as cozinheiras a cortar batatas, cenouras, fazer a salada de maionese, ah, e eu adorava montar as pizzas que eram servidas na copa… meu negócio era o backstage, era a cozinha mesmo.

Uma das minhas maiores especialidades era TIRAR CAFÉ ESPRESSO. Isso mesmo, me lembro direitinho do dia que o Ribamar, um dos gerentes da padoca, me ensinou a fazer o café na máquina, era como se eu tivesse descoberto a América, uma felicidade sem fim, e quem disse que eu queria sair da copa? Nem a cozinha tinha mais graça.  Mas os clientes queriam o café rápido, eu não tinha habilidade, então quando aparecia algum  mais antigo, mais paciente, eles deixavam eu me aventurar. Pois é, eu já era barista de coração, e nessa época nem existia essa profissão no nosso país. Mas no final das contas a cozinha era só diversão, nunca pensei em levá-la a sério, em trabalhar com isso, a comunicação sempre foi minha marca mais forte, estava nas veias, desde os 13 anos  já sabia que seria jornalista.

maquina+de+caf+eacute+expresso+italian+coffee+recife+pe+brasil__7C8C49_1                                 A máquina da padoca era igualzinha a essa. Deu até saudades!!!

Depois da adolescência veio a faculdade, pós, MBA, comecei a trabalhar com 17 anos, com 18 já estava na Globo; trabalho, estudos,  família, namorado, amigas, cinema, diversão… faltava tempo para me aventurar entre as panelas. Depois de casar também não fiz nenhum retorno triunfal (rs), o trabalho  sempre avassalador,  não me permitia ter tempo para mais nada. Ainda assim de vez em quando rolava em casa uma nova receita de bacalhau, o velho suflê de camarão que toda a família gosta, entre outras gostosuras… depois que a Valentina nasceu aí o pouco tempo que sobrava se esvaieceu de vez, mal conseguia dormir,  lavar o cabelo, como é que eu poderia cozinhar???

Nesse período minhas poucas aparições pela cozinha eram para fazer a comidinha para a Valentina quando ela começou a comer, ou ainda orientar quem cuidava da nossa casa e das nossas refeições, e olhe lá. De repente nossa vida virou de pernas para o ar,  mudamos para Londres,  e com  as inúmeras mudanças veio também a novidade/oportunidade de cozinhar para minha família. E no meio de tanta coisa nova para apreender e nos aventurar,  tem dias que a nossa cozinha londrina está  uma alegria, mas tem dias que ela está um caos… e não tem sido fácil adaptar as receitas, achar os ingredientes no supermercado, apreender sobre as carnes, peixes diferentes,  achar outras soluções para o que não encontramos aqui. O bom é que em Londres sempre tem comidas prontas que são ótimas, então vira e mexe somos salvos nos 45 minutos do segundo tempo, mas ainda assim tem as comidas da Nina, e essas eu faço questão de serem fresquinhas e feitas em casa, e aí é que entra a complicação…

Mas tudo isso eu vou contar em um segundo post, onde vou escrever sobre as adaptações, a carne inglesa com quem travei uma batalha e não consigo vencer, rs, os ingredientes diferentes, as receitinhas da minha cabeça, o que tem dado certo, o que tem dado errado e dicas do que fazer quando estiver morando e cozinhando por aqui…

Até lá pessoal,

Bjos e ótimo fim de semana!

Silvia

chanfana

Ah, encontrei a imagem dessa chanfana na internet, essa é a que mais parece com a que a minha avó faz, ela também usa uma panela de barro e deixa bastante molho de vinho, diz a lenda que meu avô amava tanto esse prato que misturava esse molho com vinho e tomava, no copo mesmo… eu não gosto nada da idéia, mas minha avó jura de pé junto que é verdade. Coisas, receitas e histórias de família cheias de lembranças e amor. 

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2 Responses to “MEU GOSTO PELA COZINHA, HERANÇA PORTUGUESA COM CERTEZA”

  1. Rosana Cibok 17/01/2014 at 3:02 pm #

    Belo texto e histórias, Silvinha! Várias histórias em uma única: sua vida!
    Parabéns!!!!!!!!!!
    bjs

    • Silvia Lourenço 17/01/2014 at 4:44 pm #

      Rô querida, obrigada! Viu a foto? Muitas saudades de nós todos juntinhos ali, hoje distantes fisicamente mas ligados pelo coração. Bjo grande!!!

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